Nossa vida é cheia de
descontinuidades. Por mais que saibamos algo dos nossos rumos, há muitas
variações em nossos ciclos e tempos. Algumas são previsíveis, outras trazem
surpresas e desafios. Crises são esses períodos incertos, como um vendaval
repentino, que arranca o telhado protetor do nosso cotidiano, destruindo
certezas e planos, mostrando que a vida não está em nossas mãos. São situações
que exigem do ser humano um imenso esforço e o improviso de novos ajustes para
a construção de novas maneiras de viver. Nem sempre a solução é fácil e na
maioria das vezes não há saída sem perda. Geralmente perdas significam dor e
sofrimento. Quando a dor ultrapassa nossa capacidade de suportar, a crise exige
tempo e espaço para silenciar, através de um luto a ser vivido e elaborado.
A
percepção positiva em relação à capacidade de lidar com as crises é construída
desde cedo. A base para que uma pessoa desfrute de sua capacidade de
enfrentamento está no que foi plantado na infância. A vida é construída por
meio do desamparo, amparo, rupturas e descontinuidades que possibilitam sua
continuidade, ou seja, um ciclo se fecha para que outro possa iniciar um novo
processo. Há diferentes tipos de crise e dependendo do nosso momento de vida,
nossa percepção pode amenizar ou intensificar os sintomas decorrentes deste
processo. Um desemprego, um acidente, uma separação e uma doença são situações
de crise, que fazem parte da vida do ser humano. As transições do ciclo de
vida, tais como adolescência, casamento, gestação e velhice também são
situações que provocam crises e na maioria das vezes, interfere na estrutura e
dinâmica familiar. São as chamadas crises naturais, sendo estas inerentes ao
processo de nascer e crescer. Temos um impulso natural em direção ao
crescimento, mas os caminhos que este impulso enfrenta são cheios de surpresas.
O processo de amadurecimento exige estas experiências de crises, pois é com ela
que aprendemos a tolerar as frustrações e nos tornamos mais fortalecidos e
amadurecidos do ponto de vista emocional. As crises desperta-nos tornando-nos mais
reflexivos e conscientes de nossas debilidades.
A psicoterapia de apoio é uma
intervenção utilizada em situações de crise, que auxilia o paciente na mudança
de comportamento e no alívio dos sintomas. O terapeuta ajuda o paciente a identificar recursos
internos e externos para enfrentamento da crise, tomar decisões, seguir atividades e estabelecer
relacionamentos mais positivos consigo e com o outro.

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