quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

TPM: o alerta para mudanças

A tensão pré-menstrual (TPM) é um conjunto de sintomas físicos e comportamentais que ocorrem na segunda metade do ciclo menstrual podendo ser tão severos ao ponto de interferir  significativamente na vida da mulher. Os sintomas  surgem de 3 a 10 dias antes do inicio do período menstrual, sendo os mais comuns:  depressão, pensamentos auto-depreciativos, ansiedade, tensão, aumento dos conflitos interpessoais, tristeza repentina, sentimentos de rejeição,  irritabilidade, dificuldades de concentração, cansaço, alteração do apetite, vontade de comer doces, distúrbios do sono, dores de cabeça, dores musculares,  retenção de líquido, entre outros. É importante salientar que os sintomas variam de mulher para mulher e de ciclo para ciclo em relação à presença e intensidade. Os sintomas aparecem com mais intensidade a partir dos 30 anos e as alterações hormonais acompanham toda a idade fértil da mulher.

As alterações emocionais ocorrem, mas os fatores de risco são determinantes para a intensidade dos sintomas, por esta razão, algumas mulheres nem se dão conta que estão na TPM, pois o mal estar e o desconforto físico e emocional são mínimos. Entre os diferentes fatores de risco, destacam-se:
·        História pregressa e atual de distúrbios de humor e ansiedade;
·        Excesso de peso;
·        Má alimentação;
·        Abuso de álcool e outras drogas;
·        Excesso de café ( a cafeína estimula a ansiedade );
·        Ausência de exercícios físicos e vida sedentária;
·        Conflito envolvendo a vida afetiva ( namorado, noivo, marido);
·        Insatisfação na vida profissional;
·        Baixa auto estima e insatisfação consigo;
·        Vida social deficiente ( incluindo pouco lazer );
·        Estresse, sobrecarga e preocupações no dia a dia;
Entre as causas que originam a TPM, estão as alterações hormonais que afetam o sistema nervoso central devido ao desequilíbrio neuroquímico ( queda da serotonina, responsável pela sensação de prazer e bem estar ).  Alguns estudos mostram que, em torno de 80% das mulheres em geral apresentam algum tipo de alteração no período pré-menstrual e em 52% delas os sintomas interferem drasticamente no humor, no comportamento, no organismo e na vida familiar e profissional. Os estudos também apontam que o maior índice de violência entre as mulheres está intimamente relacionado ao período pré-Menstrual.  Em virtude do aumento da sensibilidade e da baixa tolerância às frustrações, os conflitos que se acomodam de alguma forma ao longo do mês, neste período tornam-se salientes, sofrendo as críticas e os desconfortos anteriormente manejados, atingindo intensamente a mulher. As reações são coerentes à intensidade dos sentimentos que supervalorizam as situações as tornando catastróficas de acordo com a percepção da mulher.  Em outras palavras, o suportável se torna insuportável na TPM, que serve como um alerta para o que não está bem e deve ser ajustado no contexto de vida . A TPM, portanto, sinaliza as fontes geradoras de estresse, frustrações e ansiedade as quais a mulher não se dá conta ou tenta negar  quando não está neste período. Embora seja um processo que sempre esteve presente na fisiologia da mulher, atualmente a TPM é reconhecida inclusive no DSM V ( Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ). Este reconhecimento e esta ênfase da atualidade, são explicados pelos inúmeros estudos realizados e ainda pelo papel da mulher moderna, responsável pela intensidade dos sintomas que antigamente eram amenizados ou mascarados por condutas passivas e menos atribuições, preocupações e responsabilidades. Não que a mulher não dê conta de tantas questões, o que se pretende deixar claro é que existe uma alteração hormonal e neuroquímica na TPM e demandas deste tipo, intensificam os sintomas. 
Atualmente, muitas mulheres são praticamente responsáveis pela casa, trabalho, sustento, criação e educação de seus filhos, sem alugém para contar, além de si mesmas. Não há como dar conta de importantes questões de peso significativo no contexto de vida, sem a presença dos fatores de risco para a TPM, ou seja, preocupação, ansiedade e estresse.
Se existem tratamentos para a TPM? Sim, existem tratamentos e condutas que contribuem de forma positiva para o alívio dos sintomas, tais como: exercícios, alimentação, vitaminas e antidepressivos. Os sintomas são amenizados, mas a origem permanece mascarada, portanto, é preciso tratar as causas, ou seja, as fontes de estresse, ansiedade e frustrações, caso contrário, outro meio será encontrado para a descarga dos conflitos não resolvidos.
A consciência deste turbilhão de alterações emocionais é uma ferramenta importante que serve como estratégia de enfrentamento, pois no momento que a mulher reconhece estar na TPM, é possível certo autocontrole a nível emocional e comportamental, bem como a investigação do que está por trás dos sintomas. A TPM, então, como sintoma existe na vida da mulher para que ela desperte para suas dificuldades, conflitos e atitudes perante sua pessoa e sua própria vida.




 

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